Vinte e seis novos defensores públicos iniciaram suas trajetórias na Defensoria Pública do Ceará e a Escola Superior da instituição elaborou o curso de formação e preparação à carreira. As atividades começaram nesta quinta-feira (16.11) e seguem até o dia 19 de dezembro envolvendo painéis, palestras, oficinas e vivências na realidade defensorial, na sede da Defensoria Pública do Ceará.
No primeiro dia de formação, a diretora da Escola Superior, Amélia Rocha, explicou todo o cronograma aos recém-empossados e falou sobre a oportunidade e a responsabilidade de ser defensora e defensor público.
“O grande sentido da Defensoria Pública é desestruturar as injustiças. Então, toda a tônica do curso de formação é demonstrar ao novo defensor público e à nova defensora a importância de nós seguirmos ao pé da letra o artigo terceiro da nossa Lei Orgânica e conseguirmos identificar e encontrar caminhos para superar essas injustiças”, destacou Amélia Rocha.
A defensora pública destacou ainda como o primeiro dia do evento foi organizado. “Hoje, no primeiro dia, o grande foco foi identificar o racismo no sistema de justiça para em seguida trabalhar a necessidade perspectiva de gênero nos julgamentos e, em seguida, trabalhar a importância de identificar e de garantir a igualdade da pessoa trans no sistema de justiça. Além de tudo isso, nós também tivemos o lançamento de um projeto lindo, que é o Defensores Populares. Então, estamos bem felizes com o primeiro dia do curso de formação, que se estende na sua fase inicial até 19 de dezembro, mas o curso de formação na verdade ele se estende por três anos, que é o período do estágio probatório”, complementou Amélia Rocha.
A programação deste primeiro dia contou com a palestra da professora Deise Benedito, mestre em Direito (UNB) e especialista em Relações Étnico Raciais, Segurança Pública e Sistema Prisional. Ela falou sobre o Racismo no Sistema de Justiça, apresentou todo o contexto histório do racismo, desde a escravidão dos africanos, e as até os dias atuais.
Outra palestra foi a da defensora pública de São Paulo, Mônica Mello, que destacou a “Atuação em Perspectiva de Gênero no Sistema de Justiça”. Por fim, Antonella Galindo, vice-diretora da Faculdade de Direito do Recife/Universidade Federal de Pernambuco, também foi uma das convidadas para a capacitação. Ela abordou sobre a pessoa trans no sistema de justiça.
Francisco De Assis Carvalho foi um dos defensores empossados que está participando do curso de formação. Ele foi o único indígena, da etnia Pankará de Carnaubeira da Penha de Pernambuco, a adentrar no concurso por meio das cotas. “Estávamos ansiosos para começar esse curso de formação. Jogaram uma expectativa muito grande na gente porque falaram que a Amélia é muito maravilhosa, é uma defensora muito atuante, uma pesquisadora, uma cientista jurídica. Então, já nos foi dito em alguns outros momentos que seria o melhor curso de formação, a gente tá ansioso e acredito que o que todo mundo mais está querendo é saber das vivências mesmo, como funciona a parte prática, o atendimento da Defensoria, como é que a gente vai fazer o próprio atendimento com o assistido, a relação com o assistido, e como a gente vai conseguir ser agentes de transformações sociais, que a sociedade precisa e espera da gente”, pontuou Francisco.
A defensora pública Jackeline Paulino é natural de Fortaleza e também está participando do curso. “A abertura do curso foi maravilhosa, faz brilhar os olhos de expectativa e ansiedade pelas vivências práticas que nós teremos. Todos os palestrantes são ícones na matéria que vão tratar e acredito que vamos ter muito aprendizado para poder aplicar quando começar nossa atuação com os nossos assistidos. Muito feliz por poder viver esse momento e ter essa felicidade de atuar com um propósito na vida dos mais vulneráveis”, pontuou.
Carolina Silveira é natural do Rio de Janeiro e também está no curso de formação. “Estou muito feliz com o curso de formação, com a introdução que foi dada, todas as informações, a programação, deu pra ver que foi tudo preparado com muito carinho, com muita atenção e também que vai dar realmente as bases que a gente precisa agora para efetivamente começarmos a trabalhar. Então, as expectativas estão altas de que o curso de formação realmente vai ser incrível, muito proveitoso. Então, também queria agradecer por todo o carinho, atenção e cuidado que foi conferido para que esse curso fosse tão maravilhoso como tudo indica que vai ser”, pontuou.
Além dos recém-empossados, as palestras do primeiro dia do curso de capacitação reuniram defensores públicos que já estão na carreira há bastante tempo. Como a defensora pública Mônica Barroso, defensora do segundo Grau. “Estou querendo muito fazer esse curso e seria tão importante que os defensores mais antigos fizessem esse curso que mostra a cara dos novos, da nova Defensoria, de como é que esses direitos humanos estão sendo postos no judiciário e da necessidade que nós temos de aprender essas novas regras. Eu estou encantada, a Amélia e a Escola Superior estão de parabéns”, destacou Mônica Barroso.